quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A preservação ambiental ou econômica?

Quando falamos de meio ambiente sempre pensamos na natureza, nos recursos e riquezas que essa nos fornece, além da crise ambiental que afeta nossa vida, devido à exploração desordenada e brutal da natureza pelo homem. Devemos pensar que quando falamos do meio ambiente estamos nos referindo a um princípio vital, que rege nossa existência e a possibilidade de vida em nosso planeta. Nesse sentido esse é um assunto sério, que deve ser pensado coletivamente e ter ações consistentes de preservação e cuidado com essa questão. Muito se fala sobre as áreas que possuem recursos naturais riquíssimos e muito se diverge sobre a preservação desses espaços.
Existem questões sérias de discussão sobre as reservas naturais e seus habitantes do entorno dessas áreas, muitas vezes de comunidades tradicionais. Há uma corrente que defende um caráter preservacionista, partindo do princípio de que a presença humana em espaços naturais causa, invariavelmente, prejuízos ao meio ambiente, defendendo a desapropriação desses espaços em benefícios a essas reservas. Outra concepção é a socioconservacionista, baseado no mito do "bom selvagem ecologicamente correto" e na crença de que as comunidades tradicionais possuem um maior conhecimento do meio ambiente do que as atuais sociedades ocidentais, industriais e capitalistas, e que seu modo de vida explora os recursos naturais de maneira sustentável.
Nessas discussões não podemos deixar de destacar que existem outros interesses ocultos, que necessariamente difere dos interesses do meio ambiente. Nesse mundo globalizado e capitalista, onde a manipulação da natureza pelo homem sem medida se tornou algo normal, devemos destacar que interesses econômicos estão fortemente arraigados nessas discussões. As comunidades tradicionais que vivem nessas áreas quais males tem causados a esses espaços? Muitas vezes elas veem a natureza como parte delas, utilizando dela para sua sobrevivência e tratando esses espaços como extensão da comunidade. O grande problema é a retirada dessas pessoas, desrespeitando o habitat e cultura da comunidade e num discurso de preservação, que temos no fundo o preservar econômico, da extração e exploração visando os interesses capitalistas de lucro e mais lucro, de ter contra o ser. A ideologia afirma o filósofo alemão Karl Marx é o ocultamento da realidade, ou seja, o discurso que a classe dominante dissemina visando seus interesses e anestesiando o resto da população.
Devemos ter atenção a esses fatores, independente da concepção ambientalista, os valores da preservação ambiental, da sustentabilidade e do bem comum devem estar acima de qualquer discurso e devem se legitimados na prática, para que com isso possamos verdadeiramente termos uma qualidade de vida para todos e possibilidade efetiva de respeito a natureza, que é parte de nós. A preservação ambiental está acima de qualquer interesse econômico, pois o que traz vida em abundância não é o dinheiro, mas as riquezas naturais que nenhum dinheiro compra, quando tudo isso acabar comeremos dinheiro? Que tipo de preservação devemos priorizar? A ambiental ou econômica? Essa decisão é primordial para o nosso futuro e das gerações posteriores.

Flavio Silva, professor de Filosofia (PUC-SP) 
da rede pública, pedagogo e pós graduando do curso
 de especialização em Educação Ambiental pela 
(UFLA) e Designer Instrucional pela (UNIFEI)