Quando falamos de meio ambiente
sempre pensamos na natureza, nos recursos e riquezas que essa nos fornece, além
da crise ambiental que afeta nossa vida, devido à exploração desordenada e
brutal da natureza pelo homem. Devemos pensar que quando falamos do meio
ambiente estamos nos referindo a um princípio vital, que rege nossa existência
e a possibilidade de vida em nosso planeta. Nesse sentido esse é um assunto
sério, que deve ser pensado coletivamente e ter ações consistentes de
preservação e cuidado com essa questão. Muito se fala sobre as áreas que
possuem recursos naturais riquíssimos e muito se diverge sobre a preservação
desses espaços.
Existem questões sérias de discussão
sobre as reservas naturais e seus habitantes do entorno dessas áreas, muitas
vezes de comunidades tradicionais. Há uma corrente que defende um caráter
preservacionista, partindo do princípio de que a presença humana em espaços
naturais causa, invariavelmente, prejuízos ao meio ambiente, defendendo a
desapropriação desses espaços em benefícios a essas reservas. Outra concepção é
a socioconservacionista, baseado no mito do "bom selvagem ecologicamente
correto" e na crença de que as comunidades tradicionais possuem um maior
conhecimento do meio ambiente do que as atuais sociedades ocidentais,
industriais e capitalistas, e que seu modo de vida explora os recursos naturais
de maneira sustentável.
Nessas discussões não podemos deixar
de destacar que existem outros interesses ocultos, que necessariamente difere
dos interesses do meio ambiente. Nesse mundo globalizado e capitalista, onde a
manipulação da natureza pelo homem sem medida se tornou algo normal, devemos
destacar que interesses econômicos estão fortemente arraigados nessas
discussões. As comunidades tradicionais que vivem nessas áreas quais males tem
causados a esses espaços? Muitas vezes elas veem a natureza como parte delas,
utilizando dela para sua sobrevivência e tratando esses espaços como extensão
da comunidade. O grande problema é a retirada dessas pessoas, desrespeitando o
habitat e cultura da comunidade e num discurso de preservação, que temos no
fundo o preservar econômico, da extração e exploração visando os interesses
capitalistas de lucro e mais lucro, de ter contra o ser. A ideologia afirma o
filósofo alemão Karl Marx é o ocultamento da realidade, ou seja, o discurso
que a classe dominante dissemina visando seus interesses e anestesiando o resto
da população.
Devemos ter atenção a esses fatores,
independente da concepção ambientalista, os valores da preservação ambiental,
da sustentabilidade e do bem comum devem estar acima de qualquer discurso e
devem se legitimados na prática, para que com isso possamos verdadeiramente
termos uma qualidade de vida para todos e possibilidade efetiva de respeito a natureza,
que é parte de nós. A preservação ambiental está acima de qualquer interesse econômico, pois o que traz vida em abundância não é o dinheiro, mas as riquezas naturais que nenhum dinheiro compra, quando tudo isso acabar comeremos dinheiro? Que tipo de preservação devemos priorizar? A ambiental ou econômica? Essa decisão é primordial para o nosso futuro e das gerações posteriores.
Flavio Silva, professor de Filosofia (PUC-SP)
da rede pública, pedagogo e pós graduando do curso
de especialização em Educação Ambiental pela
(UFLA) e Designer Instrucional pela (UNIFEI)