Flavio Medeiros da Silva
A Filosofia como disciplina escolar
possui um compromisso educativo e intelectual, pois deve promover o
desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas para a reflexão
crítica e autônoma do aluno. Um dos riscos presente nesse ato educativo é a
instrumentalização da Filosofia, pois devido às influências religiosas,
políticas e ideológicas, se corre o risco de fugir do verdadeiro filosofar,
para um mero doutrinamento.
Presencia-se
na prática educacional professores que buscam apresentar aos alunos suas
convicções políticas e religiosas, desconsiderando a importância do aluno
exercer sua própria criticidade, criar sua própria leitura de mundo e
convicções fundamentadas no senso crítico. O professor carrega consigo sua
subjetividade, concepções filosóficas e metodologia de ensino, mas ele deve
possuir certa neutralidade sobre a forma de condução do trabalho, pois a
atividade docente deve propor a construção do conhecimento pelo aluno, não a
transmissão ou dogmatismo, que se distancia totalmente da perspectiva do
trabalho filosófico.
O
próprio currículo escolar é permeado pela influência ideológica do governo, os
conteúdos curriculares são muitas vezes impostos, sem um diálogo com os
educadores sobre o que ensinar e quais competências e habilidades trabalhar com
os alunos em filosofia. Os docentes recebem orientações e um material
apostilado, correndo o risco de serem disseminadores acríticos dessa
instrumentalização.
O
professor de Filosofia deve propiciar ao aluno a problematização da realidade
de forma crítica, não cabe a ele guiar os alunos ou mostrar essa é a verdade,
impondo convicções ou “valores”, mas permitir e dar oportunidades aos alunos
pensarem por si próprio, alcançando autonomia intelectual e favorecendo a
emancipação intelectual do indivíduo. O maior desafio do ensino de excelência é
dar autonomia intelectual aos estudantes, esse é o objetivo prioritário. A
doutrinação é o contrário disto, pois consiste em fazer os estudantes repetir
lugares comuns politicamente corretos sem qualquer atitude crítica perante os
mesmos. (MURCHO, 2009).
A
instrumentalização da disciplina de filosofia na escola propicia a formação de
sujeitos alienados e não críticos. O verdadeiro papel da filosofia como
disciplina na escola é desenvolver a formação de indivíduos críticos,
autônomos, que passam por um processo de emancipação, contribuindo com a
formação de indivíduos que pensam por si próprios, engajados na transformação
social. A filosofia na escola deve se libertar dos riscos da instrumentalização
e desenvolver um trabalho que favoreça a libertação intelectual dos alunos
frente aos processos ideológicos de dominação e alienação, permitindo um ensino
de filosofia com excelência.
Referência Bibliográfica
MURCHO, Desidério. Instrumentalização do
ensino e ilusão. Disponível em<http://criticanarede.com/autonomia.html >.
Acesso em: 18 abr. 2014.