domingo, 14 de dezembro de 2014

A Instrumentalização da Filosofia como disciplina escolar


            Flavio Medeiros da Silva

            A Filosofia como disciplina escolar possui um compromisso educativo e intelectual, pois deve promover o desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas para a reflexão crítica e autônoma do aluno. Um dos riscos presente nesse ato educativo é a instrumentalização da Filosofia, pois devido às influências religiosas, políticas e ideológicas, se corre o risco de fugir do verdadeiro filosofar, para um mero doutrinamento.
            Presencia-se na prática educacional professores que buscam apresentar aos alunos suas convicções políticas e religiosas, desconsiderando a importância do aluno exercer sua própria criticidade, criar sua própria leitura de mundo e convicções fundamentadas no senso crítico. O professor carrega consigo sua subjetividade, concepções filosóficas e metodologia de ensino, mas ele deve possuir certa neutralidade sobre a forma de condução do trabalho, pois a atividade docente deve propor a construção do conhecimento pelo aluno, não a transmissão ou dogmatismo, que se distancia totalmente da perspectiva do trabalho filosófico.
            O próprio currículo escolar é permeado pela influência ideológica do governo, os conteúdos curriculares são muitas vezes impostos, sem um diálogo com os educadores sobre o que ensinar e quais competências e habilidades trabalhar com os alunos em filosofia. Os docentes recebem orientações e um material apostilado, correndo o risco de serem disseminadores acríticos dessa instrumentalização.
            O professor de Filosofia deve propiciar ao aluno a problematização da realidade de forma crítica, não cabe a ele guiar os alunos ou mostrar essa é a verdade, impondo convicções ou “valores”, mas permitir e dar oportunidades aos alunos pensarem por si próprio, alcançando autonomia intelectual e favorecendo a emancipação intelectual do indivíduo. O maior desafio do ensino de excelência é dar autonomia intelectual aos estudantes, esse é o objetivo prioritário. A doutrinação é o contrário disto, pois consiste em fazer os estudantes repetir lugares comuns politicamente corretos sem qualquer atitude crítica perante os mesmos. (MURCHO, 2009).
            A instrumentalização da disciplina de filosofia na escola propicia a formação de sujeitos alienados e não críticos. O verdadeiro papel da filosofia como disciplina na escola é desenvolver a formação de indivíduos críticos, autônomos, que passam por um processo de emancipação, contribuindo com a formação de indivíduos que pensam por si próprios, engajados na transformação social. A filosofia na escola deve se libertar dos riscos da instrumentalização e desenvolver um trabalho que favoreça a libertação intelectual dos alunos frente aos processos ideológicos de dominação e alienação, permitindo um ensino de filosofia com excelência.
           


Referência Bibliográfica

MURCHO, Desidério. Instrumentalização do ensino e ilusão. Disponível em<http://criticanarede.com/autonomia.html >. Acesso em: 18 abr. 2014.

domingo, 13 de abril de 2014

Educação a Distância: A nova era educacional


            A educação a distância tornou-se uma grande aliada na construção e expansão do conhecimento para a sociedade atual, constituindo-se em uma modalidade de ensino mediada por ferramentas tecnológicas que coopera para reconstruir o conhecimento. Com o advento e a intensa utilização das tecnologias da informação e comunicação, fortaleceu-se o uso dessas ferramentas no processo de aprendizagem, contribuindo significativamente com novos formatos educacionais. Na EaD percebemos uma flexibilização de tempo e espaços, proporcionando o acesso quantitativamente e qualitativamente. Mas o que realmente é a educação à distância? O conceito de Educação a Distância no Brasil é definido oficialmente no Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005):
Art. 1Para os fins deste Decreto, caracteriza­-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pe­dagógica nos processos de ensino e aprendi­zagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

            Nessa modalidade educacional, faz-se destaque para a autonomia do aluno, pois esse se torna protagonista de sua aprendizagem e não um mero ser passivo e receptor, indicando que este aluno deve construir um papel ativo de intenso pesquisador e explorador de conhecimento. Os formadores e tutores serão os mediadores do processo ensino aprendizagem, incentivando a participação, motivando os alunos, orientando os mesmos em possíveis dificuldades.
Percebe-se uma aprendizagem colaborativa dos estudantes em ambientes virtuais, favorecendo o processo crítico de conhecimento e amadurecimento, pois a responsabilidade do aluno a distância se torna maior, esse deve possuir a disciplina de praticar exercícios; envolvimento como em qualquer curso presencial, com isto, estará qualificando positivamente com os estudos, organização do aprendizado, evitando o acúmulo de leituras e, melhorando os resultados da aprendizagem, salienta-se também a necessidade de uma postura pró-ativa, ética e crítica. A EaD será entendida, portanto, como uma modalidade de realizar o processo de construção do conhecimento de forma crítica, criativa e contextualizada, promovendo-se, então, a comunicação educativa através de múltiplas tecnologias. (HACK 2011).
Conforme Moran (2002, p.1), “as tecnologias interativas, vêm evidenciando em EaD, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo”. Percebe-se que o uso das tecnologias simplesmente não conduz a aprendizagem significativa, mas sim, a forma e finalidade com que a utiliza. Fazer educação a distância não se resume a transferir uma aula presencial a modalidade à distância, mas sim em usar as tecnologias com uma função pedagógica e com isso proporcionando a interação entre os indivíduos, o trabalho colaborativo e a interlocução para favorecer um processo de aprendizagem dinâmico, criativo, contextualizado e eficaz mediado pelas tecnologias e atuação de professores e tutores de forma frutífera.
Conclui-se que a educação a distância se intensifica como uma modalidade educacional em expansão e que veio para se consolidar intensamente, fruto das necessidades hodiernas e intensa urgência de expansão e dinamicidade do processo educacional. É inegável a importância da EaD para o processo educacional, como meio inovador, facilitador da aprendizagem e do acesso de todos na educação. A EaD quando gerenciada com qualidade é um processo significativo, que certamente favorece o processo de aprendizagem dos nossos estudantes, formando indivíduos autônomos e críticos, que dominam o uso das tecnologias e a utilizam priorizando a aprendizagem e a construção do conhecimento com qualidade, contribuindo com uma sociedade mais justa e atuante.

Flavio Silva, professor de Filosofia (PUC-SP) 
da rede pública, pedagogo e pós graduando do curso
 de especialização em Educação Ambiental pela 
(UFLA) e Designer Instrucional pela (UNIFEI)



Referências Bibliográficas



BRASIL. Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o artigo 80 da Lei n9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretri­zes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 20 dez. 2005. Disponível em: <http://www.planal­to.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/ D5622.htm>. Acesso em: 25 nov. 2013.

HACK, Josias Ricardo. Introdução à educação à distância. Florianópolis: Editora LLV/CCE/UFSC, 2011.

MORAN, M.J. O que é educação à distância? Disponível em <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: 08 dez. 2013.

domingo, 9 de março de 2014

O Papel Pedagógico do Designer Instrucional na Elaboração de Cursos Virtuais


Há muito tempo o homem é impulsionado a novos formatos de aprender e ensinar. Atualmente, reformulando o pensar sobre local e tempo, bem como, apropriando-se de novas tecnologias. Para tais avanços educacionais observa-se a atuação de diversos profissionais na produção de um curso a distância, todos eles trabalhando para a qualidade da educação. Dentre os profissionais envolvidos temos o designer instrucional, que possui papel fundamental na organização e implementação de um curso. Conforme Filatro (2008, p.3),
 [...] definimos design instrucional como a ação intencional e sistemática de ensino que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades, materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de promover, a partir dos princípios de aprendizagem e instrução como o processo (conjunto de atividades) de identificar um problema (uma necessidade) de aprendizagem e desenhar, implementar e avaliar uma solução para esse problema.
                O designer instrucional é o profissional responsável pelo planejamento e implementação de situações de aprendizagem, realizando o processo de planejar cursos, participando também do gerenciamento, desenvolvimento e execução. Com isso, esse profissional está em intensa comunicação com outros profissionais, como o conteudista, revisor, professor formador, tutores, web designer, designer gráfico, animador, dentre outros. Dentre as atribuições do designer instrucional, podemos destacar sua primazia na área pedagógica, indispensável na produção de materiais educacionais. O designer instrucional deve usar conhecimentos pedagógicos e socioculturais, dando atenção às inteligências múltiplas, estilos de aprendizagem, concepções de avaliação, para com isso organizar o curso e os materiais, devendo usar de conhecimentos pedagógicos e da criatividade, além de diversificar no uso de atividades e mídias para que o curso seja interativo e dinâmico (GORGULHO JÚNIOR, 2012).
            Os projeto em EaD deve possuir objetivos educacionais claros, e se deve considerar o público alvo, as necessidades, concepções de planejamento, avaliação, estratégias pedagógicas e trabalho em equipe visando o alcance de um produto final significativo que contribua com a interação por meio das tecnologias e a aprendizagem dos envolvidos no processo. Sobre o designer instrucional nesse processo pedagógico podemos destacar que se espera dele “um profissional com perfil interdisciplinar, em especial nas áreas da educação, comunicação e tecnologia, articulando várias funções”. (MOREIRA, 2008, p.373). Nesse sentido, o designer instrucional deve estar conectado com diversos conhecimentos e atuando de forma comunicativa com o restante da equipe de produção, analisando e propondo materiais didáticos com situações de aprendizagem que permita satisfatoriamente a educação à distância de forma qualitativa, primando por um produto final que atenda as necessidades educacionais de forma frutífera de todos os estudantes.


    Prof Flavio Silva
Filósofo (PUC-SP) e Pedagogo 
(UNINOVE-SP), estudante de pós 
graduação em Designer Instrucional 
(UNIFEI) Educação Ambiental (UFLA)



REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
GORGULHO JÚNIOR, José Hamilton Chaves. O designer instrucional e a equipe multidisciplinar. Ed. Storbem; Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), 2012.
KENSKI, V. M.; BARBOSA, A. C. L. S. Gestão de pós-graduação a distância: curso de especialização em designer instrucional para educação on-line. In: CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO, Porto Alegre, 2007. Anais... Porto Alegre: Anpae, 2007.12 p.
MOREIRA, M. G. A composição e o funcionamento da equipe de produção. In: LITTO, F. M.; FORMIGA, M. M. M. (Org.). Educação à distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008, p.370-378.

SILVEIRA, Sidnei Renato; CANDOTTI, Clarissa Tarragô; FALKEMBACH, Gilse Morgental; GELLER, Marlise. Aplicação de Aspectos de Design Instrucional na Elaboração de Materiais Didáticos Digitais para Educação a Distância. Revista D. Porto Alegre, n. 3, p. 77-96, 2011.