segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Atividade 3.1 - Tema transversal meio ambiente

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
FLAVIO MEDEIROS DA SILVA
DISCIPLINA: Educação Ambiental na Diversidade
Atividade 3.1 - Tema transversal meio ambiente

1.   Introdução
            Ao tratarmos da educação ambiental estamos lidando com a responsabilidade com a vida humana e o meio ambiente. Sendo a educação ambiental um processo de formação e informação, é importante que sua proposta esteja articulada ao projeto educativo da escola, e contextualizada na realidade escolar, para trazer significado a comunidade escolar, considerando-se os elementos fundamentais envolvidos no processo, tais como: a análise da natureza dos conhecimentos que estão sendo veiculados pelos projetos, tanto no que diz respeito aos conhecimentos relacionados com os dinâmicos processos naturais, quanto aos referentes às interações estabelecidas entre homem e natureza; os valores éticos e estéticos presentes nas propostas educativas no sentido de construção de novos padrões de relação com o meio natural; o tratamento dado à questão dos aspectos relacionados com a participação política na busca de soluções para os problemas ambientais, no sentido de construção da cidadania.
            A proposta desse trabalho é analisar a questão sobre o tema transversal meio ambiente, analisando experiências e verificando a importância desse trabalho na construção de conhecimento contextualizado e significativo, contribuindo para a formação crítica dos indivíduos e a transformação social visando à dignidade da pessoa humana, a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Verificando essa importância e necessidade, vamos analisar essa questão de forma que permita uma maior reflexão sobre as práticas de educação ambiental na transversalidade, o que tem sido feito e como podemos aperfeiçoar esse trabalho permitindo uma educação ambiental qualitativa.

2. Apresentação comentada das experiências
Para refletirmos sobre as experiências, vamos antes analisar o conceito de Educação Ambiental, que tem interpretações distintas, considerando a realidade de cada contexto. A definição oficial de educação ambiental, do Ministério do Meio Ambiente:
Educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros (RIZZO, 2005, p. 2).
Para a UNESCO a educação ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação de agir, individualmente ou coletivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros (UNESCO, 1987).
Sobre a questão ambiental e o trabalho com a transversalidade podemos destacar que temos uma proposta de tratar as questões ambientais não como uma disciplina específica, mas de uma forma que permeie os conteúdos, objetivos e orientações didáticas em todas as disciplinas, relacionando com temas que envolva a vida humana, juntamente com saúde, ética, pluralidade cultural, orientação sexual, temas locais, trabalho e consumo, que é parte do processo de reorientação curricular do MEC. Nos PCNs temos a ideia central de reinserir a escola e toda comunidade escolar no plano da vida real, tratando de questões que importam e que estão presentes no cotidiano dos alunos.
Dentre as experiências de trabalho pesquisadas, podemos destacar a da Escola Municipal da cidade de São Paulo Professora Geny Gomes, que atua com o ensino fundamental II. Ela possui uma experiência de projeto com o tema meio ambiente e vida em sociedade, perpassando por todas as matérias, permeando os conteúdos de todas as disciplinas. O aspecto reforçado é da realidade ambiental do bairro perpassando pela realidade global, localizando as áreas ambientais e com problemas da região. Cada disciplina de forma interligada trabalha questões como a poluição, o lixo, desmatamento dentre outros problemas e cada disciplina interage com essas temáticas. Na matemática são analisados os dados e gráficos dos recursos ambientais e sua exploração no bairro, município, no estado e no Brasil. Na geografia, as características da região e sua vegetação, características populacionais, econômicas e exploração de recursos. Em história temos a análise dos aspectos histórico da comunidade e formas de habitação e intervenção na natureza. Em língua portuguesa o dialogo com outras disciplinas permitiu a produção dos alunos de poesia que destaque e sintetize os estudos dos alunos. Em ciências, a professora trabalhou os aspectos negativos para a saúde, da exploração e manipulação da natureza e o uso insustentável dos recursos naturais. O trabalho dessa escola pode ser avaliado como positivo, mas a equipe deve ter um conhecimento fundamentado do trabalho transversal, além da equipe estar afinada, trabalhando coletivamente, visando uma contextualização e produto final. O trabalho com essa temática pode perpassar questões além do meio ambiente em si, pois todas as outras questões humanas estão relacionadas com o ambiente.
Nos PCN’s, a Educação Ambiental é tratada como um “tema” transversal:
Os conteúdos de meio ambiente serão integrados ao currículo através da transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, promover uma visão global e abrangente da questão ambiental. (PCN’s, 1996, p. 28).
Outra experiência é da Escola Estadual Nossa Senhora da Penha, onde o trabalho com Educação Ambiental perpassa pelas disciplinas de forma transversal, a unidade escolar realiza oficinas de trabalho com os alunos após o trabalho com as temáticas: saúde e meio ambiente, o consumo e a sustentabilidade, realidade social e ambiental além de ecologia e sociedade. Esse trabalho ocorre com as turmas de 9º ano da escola. Todos os professores programaram aulas onde as suas disciplinas específicas dialogava com as temáticas, após isso montaram grupos de discussão, orientados em conjunto com todos os professores e realização de oficinas. Essa experiência foi muito significativa, um salto importante para o trabalho com a transversalidade, mas ainda é necessário aperfeiçoar. Os professores tem dificuldade de trabalhar dessa forma, pois a própria formação universitária não contempla uma formação adequada desses profissionais para o trabalho em grupo e com temas transversais e, além disso, o ambiente escolar é marcado pela fragmentação e por compartilhar o saber em disciplinas. Percebo um esforço dessas experiências em um trabalho significativo. Muito válido essas experiências, mas devemos investir em formação continuada dos professores, propiciar dialogo intenso entre as disciplinas e o uso do horário de trabalho coletivo pedagógico para discussão frutífera dessas questões.

3. Conclusão
         Uma educação de qualidade deve estar pautada na realidade dos indivíduos e da comunidade onde se pretende desenvolver um trabalho educacional. A educação ambiental deve dialogar intensamente com o mundo que vivemos e com os temas relacionados à vida humana. Nesse sentido, não podemos pensar numa educação fragmentada e descontextualizada da realidade dos indivíduos. Devemos trabalhar de forma crítica e transformadora, buscando desenvolver a criticidade dos indivíduos sobre os aspectos relevantes da sociedade e a relação do bem comum com a questão ambiental.
            A legislação e os documentos de orientação ressaltam que a educação ambiental deve ser trabalhada de forma transversal e não simplesmente como disciplina. Todas as áreas do conhecimento devem trabalhar juntas com a função de propiciar uma educação ambiental contextualizada, permitindo a visão do todo e ações de transformação da sociedade pautadas no exercício da cidadania e do respeito mútuo. Sabemos que isso é um grande desafio dos educadores e da sociedade como um todo.
            Nesse trabalho apresentado abordamos duas experiências de trabalho idealizadas na transversalidade. Sabemos que esse trabalho se faz necessário e urgente, mas temos desafios grandes para superar. Como apresentado nesse trabalho, falta formação continuada e aperfeiçoamento dos profissionais sobre o verdadeiro sentido do trabalho transversal, além da dificuldade de se trabalhar dessa forma pela falta de dialogo entre os profissionais e a cultura marcante do conservadorismo e da fragmentação dos saberes. Na sociedade que vivemos a educação deve estar em conexão com os diversos saberes e áreas, para que, ao aluno o que ele aprende possa ter significado e permitir transformação social. As experiências destacadas são importantes experiências de trabalho de forma transversal, mas que devem ser aperfeiçoadas. São válidas essas experiências como forma de compartilhar e trocar ideias visando uma prática eficaz.
            Resumir o trabalho de educação ambiental a uma disciplina é limitar a complexidade dessa temática e desconsiderar sua presença em todos os aspectos da vida humana. Não existe possibilidade de vida se não tivermos o meio para vivermos e obtermos nossos recursos vitais. Nesse sentido se faz necessário uma formação continuada e intenso dialogo entre os profissionais da educação, possibilitando o aperfeiçoamento da prática e a criação de projetos na perspectiva crítica e transversal, para que possamos atender a necessidade educacional de nossos alunos e formar cidadãos críticos que olhem a questão ambiental como responsabilidade de todos, lutando por transformação social em bem do planeta e da vida humana.

4. Referências bibliográficas
FRADE, Elaine das Graças; POZZA, Adélia A.A; BORÉM, Rosângela A. T. Educação Ambiental na Diversidade: guia de estudos. Lavras: UFLA, 2010.
MEC/BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, Mimeo,1996.
RIZZO, Juan Ferrari. Educação Ambiental ou Educação Ambiental. [artigo cientifico]. 2005. Disponível em: <http://www3.mg.senac.br/NR/.pdf>. Acesso em 20 de outubro de 2013.
UNESCO,1987. Disponível em: <HTTP://www.apoema.com.br/definicoes.htm>, acessado em 09 de novembro de 2013.

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