UNIVERSIDADE
FEDERAL DE LAVRAS
FLAVIO
MEDEIROS DA SILVA
DISCIPLINA:
Educação Ambiental na Diversidade
Atividade
3.1 - Tema transversal meio ambiente
1.
Introdução
Ao
tratarmos da educação ambiental estamos lidando com a responsabilidade com a
vida humana e o meio ambiente. Sendo a educação ambiental um processo
de formação e informação, é importante que sua proposta esteja articulada ao
projeto educativo da escola, e contextualizada na realidade escolar, para
trazer significado a comunidade escolar, considerando-se os elementos
fundamentais envolvidos no processo, tais como: a análise da natureza dos
conhecimentos que estão sendo veiculados pelos projetos, tanto no que diz
respeito aos conhecimentos relacionados com os dinâmicos processos naturais,
quanto aos referentes às interações estabelecidas entre homem e natureza; os
valores éticos e estéticos presentes nas propostas educativas no sentido de
construção de novos padrões de relação com o meio natural; o tratamento dado à
questão dos aspectos relacionados com a participação política na busca de
soluções para os problemas ambientais, no sentido de construção da cidadania.
A proposta desse trabalho é analisar
a questão sobre o tema transversal meio ambiente, analisando experiências e
verificando a importância desse trabalho na construção de conhecimento
contextualizado e significativo, contribuindo para a formação crítica dos
indivíduos e a transformação social visando à dignidade da pessoa humana, a
sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Verificando essa importância
e necessidade, vamos analisar essa questão de forma que permita uma maior
reflexão sobre as práticas de educação ambiental na transversalidade, o que tem
sido feito e como podemos aperfeiçoar esse trabalho permitindo uma educação ambiental
qualitativa.
2.
Apresentação comentada das experiências
Para refletirmos sobre as experiências, vamos antes analisar o conceito
de Educação Ambiental, que tem interpretações distintas, considerando a
realidade de cada contexto. A definição oficial de educação ambiental, do
Ministério do Meio Ambiente:
Educação ambiental é um
processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do
seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências
e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e
resolver problemas ambientais presentes e futuros (RIZZO, 2005, p. 2).
Para a UNESCO a educação
ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades,
experiências, valores e a determinação de agir, individualmente ou
coletivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e
futuros (UNESCO, 1987).
Sobre a questão
ambiental e o trabalho com a transversalidade podemos destacar que temos uma
proposta de tratar as questões ambientais não como uma disciplina específica,
mas de uma forma que permeie os conteúdos, objetivos e orientações didáticas em
todas as disciplinas, relacionando com temas que envolva a vida humana, juntamente
com saúde, ética, pluralidade cultural, orientação sexual, temas locais,
trabalho e consumo, que é parte do processo de reorientação curricular do MEC.
Nos PCNs temos a ideia central de reinserir a escola e toda comunidade escolar
no plano da vida real, tratando de questões que importam e que estão presentes
no cotidiano dos alunos.
Dentre as experiências
de trabalho pesquisadas, podemos destacar a da Escola Municipal da cidade de São
Paulo Professora Geny Gomes, que atua com o ensino fundamental II. Ela possui
uma experiência de projeto com o tema meio ambiente e vida em sociedade,
perpassando por todas as matérias, permeando os conteúdos de todas as disciplinas.
O aspecto reforçado é da realidade ambiental do bairro perpassando pela
realidade global, localizando as áreas ambientais e com problemas da região.
Cada disciplina de forma interligada trabalha questões como a poluição, o lixo,
desmatamento dentre outros problemas e cada disciplina interage com essas
temáticas. Na matemática são analisados os dados e gráficos dos recursos
ambientais e sua exploração no bairro, município, no estado e no Brasil. Na
geografia, as características da região e sua vegetação, características
populacionais, econômicas e exploração de recursos. Em história temos a análise
dos aspectos histórico da comunidade e formas de habitação e intervenção na
natureza. Em língua portuguesa o dialogo com outras disciplinas permitiu a
produção dos alunos de poesia que destaque e sintetize os estudos dos alunos.
Em ciências, a professora trabalhou os aspectos negativos para a saúde, da
exploração e manipulação da natureza e o uso insustentável dos recursos
naturais. O trabalho dessa escola pode ser avaliado como positivo, mas a equipe
deve ter um conhecimento fundamentado do trabalho transversal, além da equipe
estar afinada, trabalhando coletivamente, visando uma contextualização e
produto final. O trabalho com essa temática pode perpassar questões além do
meio ambiente em si, pois todas as outras questões humanas estão relacionadas
com o ambiente.
Nos PCN’s, a Educação
Ambiental é tratada como um “tema” transversal:
Os conteúdos de meio ambiente
serão integrados ao currículo através da transversalidade, pois serão tratados
nas diversas áreas do conhecimento, de modo a impregnar toda a prática
educativa e, ao mesmo tempo, promover uma visão global e abrangente da questão
ambiental. (PCN’s, 1996, p. 28).
Outra experiência é da
Escola Estadual Nossa Senhora da Penha, onde o trabalho com Educação Ambiental
perpassa pelas disciplinas de forma transversal, a unidade escolar realiza
oficinas de trabalho com os alunos após o trabalho com as temáticas: saúde e
meio ambiente, o consumo e a sustentabilidade, realidade social e ambiental além
de ecologia e sociedade. Esse trabalho ocorre com as turmas de 9º ano da
escola. Todos os professores programaram aulas onde as suas disciplinas
específicas dialogava com as temáticas, após isso montaram grupos de discussão,
orientados em conjunto com todos os professores e realização de oficinas. Essa
experiência foi muito significativa, um salto importante para o trabalho com a
transversalidade, mas ainda é necessário aperfeiçoar. Os professores tem
dificuldade de trabalhar dessa forma, pois a própria formação universitária não
contempla uma formação adequada desses profissionais para o trabalho em grupo e
com temas transversais e, além disso, o ambiente escolar é marcado pela
fragmentação e por compartilhar o saber em disciplinas. Percebo um esforço
dessas experiências em um trabalho significativo. Muito válido essas
experiências, mas devemos investir em formação continuada dos professores,
propiciar dialogo intenso entre as disciplinas e o uso do horário de trabalho
coletivo pedagógico para discussão frutífera dessas questões.
3. Conclusão
Uma educação de
qualidade deve estar pautada na realidade dos indivíduos e da comunidade onde
se pretende desenvolver um trabalho educacional. A educação ambiental deve
dialogar intensamente com o mundo que vivemos e com os temas relacionados à
vida humana. Nesse sentido, não podemos pensar numa educação fragmentada e
descontextualizada da realidade dos indivíduos. Devemos trabalhar de forma
crítica e transformadora, buscando desenvolver a criticidade dos indivíduos
sobre os aspectos relevantes da sociedade e a relação do bem comum com a
questão ambiental.
A
legislação e os documentos de orientação ressaltam que a educação ambiental
deve ser trabalhada de forma transversal e não simplesmente como disciplina.
Todas as áreas do conhecimento devem trabalhar juntas com a função de propiciar
uma educação ambiental contextualizada, permitindo a visão do todo e ações de
transformação da sociedade pautadas no exercício da cidadania e do respeito
mútuo. Sabemos que isso é um grande desafio dos educadores e da sociedade como
um todo.
Nesse
trabalho apresentado abordamos duas experiências de trabalho idealizadas na
transversalidade. Sabemos que esse trabalho se faz necessário e urgente, mas
temos desafios grandes para superar. Como apresentado nesse trabalho, falta
formação continuada e aperfeiçoamento dos profissionais sobre o verdadeiro
sentido do trabalho transversal, além da dificuldade de se trabalhar dessa
forma pela falta de dialogo entre os profissionais e a cultura marcante do
conservadorismo e da fragmentação dos saberes. Na sociedade que vivemos a
educação deve estar em conexão com os diversos saberes e áreas, para que, ao
aluno o que ele aprende possa ter significado e permitir transformação social.
As experiências destacadas são importantes experiências de trabalho de forma
transversal, mas que devem ser aperfeiçoadas. São válidas essas experiências
como forma de compartilhar e trocar ideias visando uma prática eficaz.
Resumir
o trabalho de educação ambiental a uma disciplina é limitar a complexidade
dessa temática e desconsiderar sua presença em todos os aspectos da vida
humana. Não existe possibilidade de vida se não tivermos o meio para vivermos e
obtermos nossos recursos vitais. Nesse sentido se faz necessário uma formação
continuada e intenso dialogo entre os profissionais da educação, possibilitando
o aperfeiçoamento da prática e a criação de projetos na perspectiva crítica e
transversal, para que possamos atender a necessidade educacional de nossos
alunos e formar cidadãos críticos que olhem a questão ambiental como
responsabilidade de todos, lutando por transformação social em bem do planeta e
da vida humana.
4. Referências bibliográficas
FRADE, Elaine das Graças; POZZA, Adélia A.A; BORÉM,
Rosângela A. T. Educação Ambiental na
Diversidade: guia de estudos. Lavras: UFLA, 2010.
MEC/BRASIL.
Parâmetros
Curriculares Nacionais. Brasília,
Mimeo,1996.
RIZZO,
Juan Ferrari. Educação Ambiental ou
Educação Ambiental. [artigo
cientifico]. 2005.
Disponível em: <http://www3.mg.senac.br/NR/.pdf>.
Acesso em 20 de outubro de 2013.
UNESCO,1987.
Disponível em: <HTTP://www.apoema.com.br/definicoes.htm>,
acessado em 09 de novembro de 2013.
5.
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